Nascida em Bagdá em 19 de Março, Dunya Mikhail tem quatro coleções de poesia publicadas em árabe e uma em Inglês. Elas incluem Os Salmos da Ausência, Quase Música, e A Guerra trabalha duro. O seu livro Diário de uma Onda Fora do Mar está programado para sair na Primavera de 2009, pela editora New Directions. Em 2001, ela foi premiada com o Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas para a Liberdade de Escrita. A Guerra trabalha duro, New Directions, 2005, (Carcanet,Londres, 2006) ganhou o Prêmio PEN de Tradução , foi seleccionado para o Prêmio Griffen de Poesia e pela Biblioteca Pública de Nova Iorque como um dos 25 melhores livros de 2005. Dunya tem Mestrado em Estudos do Oriente Médio pela Wayne State University, de Michigan, e é Bacharel em Inglês e Letras da Universidade de Bagdá. Trabalha atualmente como coordenadora de recursos árabes em escolas públicas e na Dearborn Michigan State University. http://www.dunyamikhail.com/
The War Works Hard
How magnificent the war is!
How eager
and efficient!
Early in the morning,
it wakes up the sirens
and dispatches ambulances
to various places,
swings corpses through the air,
rolls stretchers to the wounded,
summons rain
from the eyes of mothers,
digs into the earth
dislodging many things
from under the ruins…
Some are lifeless and glistening,
others are pale and still throbbing…
It produces the most questions
in the minds of children,
entertains the gods
by shooting fireworks and missiles
into the sky,
sows mines in the fields
and reaps punctures and blisters,
urges families to emigrate,
stands beside the clergymen
as they curse the devil
(poor devil, he remains
with one hand in the searing fire)…
The war continues working, day and night.
It inspires tyrants
to deliver long speeches,
awards medals to generals
and themes to poets.
It contributes to the industry
of artificial limbs,
provides food for flies,
adds pages to the history books,
achieves equality
between killer and killed,
teaches lovers to write letters,
accustoms young women to waiting,
fills the newspapers
with articles and pictures,
builds new houses
for the orphans,
invigorates the coffin makers,
gives grave diggers
a pat on the back
and paints a smile on the leader’s face.
The war works with unparalleled diligence!
Yet no one gives it
a word of praise.
A guerra trabalha duro
Quão magnificente é a guerra!
Quão ávida
e eficiente!
Cedo, pela manhã
ela desperta as sirenes
e despacha ambulâncias
a vários lugares,
estende macas aos feridos,
reune chuva
nos olhos das mães,
e desentoca coisas
de baixo das ruinas…
Algumas são exangues e cintililantes,
outras são pálidas e ainda palpitantes…
Isso produz muitas perguntas
nas cabeças das crianças,
entretém os deuses
com tiros de fogos de artifício e mísseis
em direção ao céu,
semeia minas nos campos
e colhe buracos e pústulas,
estimula famílias a emigrar,
poisiciona-se ao lado dos sacerdotes
enquanto eles amaldiçoam o diabo
(pobre diabo, ele permanece
com a mão no ferro em brasa)…
A guerra continua seu trabalho, dia e noite.
Ela inspira tiranos
a oferecer longos discursos
premia com medalhas os generais
e com temas os poetas.
Ela contribui com a indústria
de membros artificiais,
provê comida às moscas,
acrescenta páginas aos livros de história,
permite igualdade
entre assassinos e assassinados,
ensina amantes a escrever missivas,
acostuma jovens mulheres a esperar,
enche os jornais
com artigos e fotografias,
constrói casas novas
para os órfãos,
estimula os fabricantes de ataúdes,
dá aos coveiros
um tapinha nas costas
e desenha um sorriso no rosto do líder.
A guerra trabalha com incomparável diligência!
E, no entanto, ninguém lhe destina
uma só palavra de louvor.