Insomnia

Vem, sono

Vem, sono

Vem, sono vertical e manso,
cerra meus olhos e lança-me às águas dos Oniros
para que eu flutue na inconsciência (quase) absoluta
apenas guiado por Hipnos,
sem perturbar-me pela ilusões de Fantasos ou de Fobetor.
Preciso apenas dormir, dormir simplesmente.
Esquecer-me dos aguilhões da dor
que servem somente para lembrar-me:
“Tu és vivo e em agonia purgarás”.
Retorna-me ao abissal útero de Gaia,
pulsante e acalentador,
onde se encontra o perdido limbus infantum,
no qual pecados ou culpas são inefáveis.
Vem, sono fugidio.
Ensina-me teu ofício apaziguador
e permita que Nix estenda sobre meu corpo
sua colcha diáfana e tépida
untada com essência de papoulas
para que eu possa, finalmente,
alcançar as águas sussurrantes do Lete,
imerso na tranquilidade  do olvido.

Curitiba, madrugada insone de 12 de dezembro de 2017.

Uma resposta para “Insomnia

  1. Poesia linda! Cristalina em sua transparência de desejo.

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