Arquivo do mês: novembro 2013

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Mais um tijolinho na construção

Meia_felicidade

Poesia na Escola

Lido em um livro escrito há quinze anos

Os verdadeiros professores e os verdadeiros alunos não terão horas suficientes para aprofundar-se no uso das novas tecnologias se não decidirem a abandonar, antes, as antigas. Pode ser um processo paulatino, mas há de ser rápido e integrador.                                                                                             .
Podemos encontrar um modelo a ser seguido na experiência do Gymnasium de Gütersloh (Alemanha), mantido pela Fundação Bertelsmann, que combina a manutenção das tradições religiosas e culturais com a introdução de conteúdos e técnicas modernas, outorgando grande importância à música e às artes criativas. É grande o risco de que essas disciplinas desapareçam dos currículos de ensino, esmagadas pela onda de tecnicismo que nos invade. Convém perguntarmo-nos, por exemplo, a respeito do futuro da poesia. Ausente na maioria das salas de aula dos Estados Unidos, os jovens de hoje cada dia se sentem menos atraídos por leituras desse gênero. Os poetas de antigamente foram substituídos pelos cantores atuais. Com todo meu respeito e minha admiração a esses cantores, a verdade é que fizemos um mau negócio com essa troca. (Cebrián, Juan Luis. A Rede – como nossas vidas serão transformadas pelos novos meios de comunicação. São Paulo: Summus, 1999)

E no Brasil? Fomos mais longe: para gáudio de nossa moçada, foi inventado o brega universitário, isto é, o brega superior, de terceiro grau, daqui a pouco ofertado em pós-doutorado. E para os que se amarram em tecnologia, temos o tecnobrega. Para que poesia?

A ilustração acima foi premiada no projeto da E.M. Nações Unidas. Infelizmente não conseguimos encontrar o nome do aluno/autor.

A ilustração acima foi premiada no projeto da E.M. Nações Unidas (RJ). Infelizmente não conseguimos encontrar o nome do aluno/autor.

 Mas ainda há esperança, ainda há bons professores. Vejam, no vídeo abaixo, o exemplo do Projeto Poesia na Escola 2012 – Trabalho Anual de Produção Poética articulado e desenvolvido com alunos do 6º ao 9º anos, sob orientação do professor da Sala de Leitura. A Escola Municipal Nações Unidas, do Rio de Janeiro, foi a responsável por esse projeto, que se multiplicou em várias atividades, motivadas pelo centenário de Vinicius de Moraes.

Para animar a reconstrução

De tijolinho em tijolinho

Enquanto não fica pronta a nova sede do Banco da Poesia, vou usar alguns tijolinhos para deixar a obra mais animada.

Há alguns dias, um amigo me perguntou: — Você faz haicais? Prontamente respondi que não, pois sempre achei esse tipo de poema, criado pelos japoneses, mais coerente com o idioma oriental, constituído por ideogramas, em que há comunicação linguística diversa da ocidental, toda linear. Deve ser, além de receber a mensagem do poeta, muito prazeroso contemplá-la também plasticamente e entendê-la de forma mais aberta. 

Mas a pergunta serviu como um incentivo para experimentar.

Entretanto, o rigor da definição japonesa, mesmo transposta para nós, faz desse tipo de composição poética uma forma exclusivamente dedicada à observação da natureza e suas nuances, além de exigir a métrica 5-7-5, o que sempre se transforma em desafio técnico, em detrimento da liberdade de expressão criativa. A adaptação do haicai para a linguagem ocidental gerou variações, como o Poetrix, (de poesia + três), cultivado pela nossa poetamiga Marilda Confortin e por um grupo nacional que já virou movimento. Pena que acabamos esquecendo da nossa quadra ou trova, herança portuguesa, que, por sua singeleza, era veículo de difusão da poesia entre o povo e o público infantil. (A propósito, João Manoel Simões publicou, no início deste ano, “Trovas que minha mãe me inspirou & outras quadras”, sobre o qual me dedicarei, oportunamente. E lembremo-nos do mestre de todos nós, Fernando Pessoa, cujas quadras foram reunidas no volume “Quadras ao gosto popular”.)

Rompida a rigorosa tradição oriental ou, como diriam os cientistas, quebrado o paradigma, tomei coragem e invadi o reino dos poemetos sintéticos.

Desculpem-me pela digressão exagerada, que mais parece pedido de perdão antecipado pelos haicais que virão, em forma de tijolinhos de construção. Vamos ver para que servirão.

Haicai

Segundo tijolinho

Malpassada

Reforma Bancária

Reforma_Banc2

Após algum tempo de recesso voluntário, o Banco da Poesia quer anunciar seu retorno, abrindo suas portas a clientes e amigos que sempre lhe prestigiaram. Estamos em obras, preparando algumas inovações. Vamos dinamizar nossa sede, com acréscimo de recursos que o mundo da informática nos oferece e tornarão mais atraente e dinâmica nossa interação com os leitores.

Apesar do grande silêncio, nos últimos meses, acumulamos um grande número de visitas e recebemos muitos seguidores, o que nos incentiva ainda mais a continuar a desbravar o mágico mundo da poesia, o mundo plural da poesia. Plural como o universo, como lembrava Pessoa. Até já. Faltam apenas alguns tijolinhos. C. de Assis