¡Bienvenido, Eduardo Masullo!

Conheci Eduardo Masullo há cerca de três anos. Ele vivia na Colômbia e veio a Curitiba cumprir uma missão educacional. Convivemos por cerca de uma semana e, já no final de sua visita, descobrimos (eta, mundo pequeno!) que tínhamos amigos comuns. Em 2010, depois de longo tempo sem notícias suas, descobri que ele estava de volta à sua terra e passamos a nos corresponder. Revelou-me outra faceta de sua criatividade,  a literatura. Enviou uma boa coleção de poemas para o Banco da Poesia, que passamos a publicar, a partir de hoje. Tive o prazer de passá-los ao Português. Junto a seus poemas, veio uma pequena descrição do autor, com a mesma concisão de seu estilo poético.

“Nasci em Buenos Aires, em Villa Devoto. Um bairro de classe média acomodada, amigável, estável, com valores às vezes firme, onde uma criança podia amadurecer como um gato: distanciando-se, a cada dia, um metro a mais de sua casa,  de forma gradual, até chegar ao mundo.”
“Estudei sociologia. Publiquei um livro de poesia (Empezar en Buenos Aires) e um romance (Quién mató a Iadira Salazar), além de uma série de poemas e contos em várias publicações. Traduzi Henry James, Melville, Gore Vidal etc. Além de livros de sociologia. Trabalhei como publicitário em Buenos Aires, Colômbia e Venezuela. Vivo em Buenos Aires e, para mais dados, meu endereço é emasullo@gmail, por meio do qual qual responderei com muito prazer.”

¡Bienvenido, hermano Eduardo!

Los Guerreros

Todo triunfo lleva a la muerte.
A los enemigos muertos
la próxima guerra los ascenderá a estatuas,
afortunadamente,

Si no hay guerra
el sol no dice nada
la amistad no existe.
Si no hay guerra
cómo vas a hacer amigos?

Un enemigo muerto
no es un enemigo,
tampoco un amigo,
es un odre de ausencia.
Hagamos de él,
ya mismo,
una estatua
para la próxima guerra
que ya vendrá.

Os Guerreiros

Todo triunfo leva à morte.
Aos inimigos mortos
a próxima guerra os ascenderá a estátuas,
afortunadamente,Se não há guerra
o sol não diz nada
a amizade não existe.
Se não há guerra
como vais fazer amigos?Um inimigo morto
não é um inimigo,
tampouco um amigo,
é um odre de ausência.
Façamos dele,
agora mesmo,
uma estátua
para a próxima guerra
que já virá.

9/7/2010

El hombre araña

Atrapado en esta red de palabras
Que es el mundo,
Me creo un poeta.

O homem aranha

Pegado a esta rede de palavras
que é o mundo,
me creio um poeta.

Tanto andar

Y nunca llego a ninguna parte.
Bajado del avión,
andando el pasillo de los aeropuertos,
miro a mis espaldas
y sé que algo no ha llegado,
algo que no perdí, que no está allí,
que sencillamente no está ya conmigo.

¿Qué es lo que dejo?
Una pierna, un brazo.
Algo que llevo doble –
¿Un testículo? ¿La mitad
De las ganas de vivir?

¿Cómo seguiré,
de ahora en adelante,
sin saber lo que he dejado?,
Lo que me ha abandonado
en estos pasillos que llevan
a todas las nadas?

¿El recuerdo de una lluvia,
la caricia de tus dedos
sobre mis dedos; de tus ojos
sobre mi mirada; de tu garúa vieja
sobre mi soledad apenas?

O será mi soledad, vieja traidora,
la que he abandonado perdida para siempre?

Ya he mirado para atrás
completamente. Y no he visto nada.
es hora de volver a andar,
viejo camarada.
Otras lluvias, otras soledades,
otras ciudades,
la pesadez mayor en las rodillas,
hay que andar, hay que andar,
preparando el gran viaje
sin saberlo, cuando ya no haya siquiera
nadie que vuelva la cabeza.

Tanto andar

E nunca chego a nenhuma parte.
Baixado do avião,
andando pelos corredores dos aeroportos,
olho em minhas costas
e sei que algo não chegou,
algo que não perdi, que não está ali,
Que simplesmente já não está comigo.

Que é o que deixo?
Uma perna, um braço.
Algo que carrego em duplo –
Um testículo? A metade
da vontade de viver?

Como seguirei,
de agora em diante,
sem saber o que deixei?
O que me abandonou
nestes corredores que levam
a todos os nadas?

A lembrança de uma chuva,
a carícia de teus dedos
sobre meus dedos; de teus olhos
sobre meu olhar; de tua garoa velha
sobre minha solidão apenas?

Ou será minha solidão, velha traidora,
a que abandonei perdida para sempre?

Já olhei para trás
completamente. E não vi nada.
É  hora de voltar a andar,
velho camarada.
Outras chuvas, outras solidões,
outras cidades,
o peso maior nos joelhos,
há que andar, há que andar,
preparando a grande viagem
sem sabê-lo, quando já não haja sequer
ninguém que volte a cabeça.

11/7/2010
Versão e ilustrações: C. de A.

Uma resposta para “¡Bienvenido, Eduardo Masullo!

  1. Baruch Aba, que quer dizer bem-vindo em hebraico, Eduardo Masullo! Satisfação em conhecê-lo pelo Banco da Poesia. [ ]’s Juca (apodo).

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