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Nova edição de “Canto General”, de Neruda

O livro e todos os seus manuscritos

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O jornal O Mercurio, de Santiago do Chile, em sua edição dominical de 19 de janeiro de 2014, anuncia a edição do livro Canto General, de Pablo Neruda, em uma composição inédita: foram reunidos todos os manuscritos da obra do poeta, feitos a mão ou datilografados. O autor da proeza é o bibliófilo César Soto Gómez, que levou mais de 30 anos para coletar todos os documentos. O livro, escrito entre 1938 e 1949, traça uma saga da América Latina, a partir de sua natureza edênica, o desenvolvimento dos povos pré-colombianos até o tempo criticado pelo poeta, passando pela rota dos conquistadores espanhóis.

A edição, com 496 páginas, leva a chancela da Fundação Pablo Neruda e foi patrocinada pela Corporação Patrimônio Cultural do Chile e doação cultural de uma empresa privada. Na página de El Mercurio há uma foto curiosa: Neruda com barba e bigodes, característica que adotou no período em que sofria perseguição do governo de González Videla.

O próprio poeta define seu livro: “Levado pelo propósito de dar uma grande unidade ao mundo que eu queria expressar, escrevi meu livro mais fervente e mais vasto: Canto Geral”. E mais: “A ideia de um poema central que agrupasse as incidências históricas, as condições geográficas, a vida e a luta de nossos povos, a mim se apresentava como uma tarefa urgente”.

Mas coube ao crítico argentino Saúl Yukievich dar à obra uma sintética e, ao mesmo tempo, mais abrangente visão: “É, simultaneamente, cosmogênese, geografia, rito, crônica, panfleto, fabulação, conversa, sátira, autobiografia, rapto, alucinação, profecia, conjura, testamento”.

Além dos manuscritos, com correções feitas pelo poeta, o livro inclui matéria complementar, como anotações, esboços, ideias soltas e titubeios do autor em relação à estrutura da obra e de poemas que deveria ou não incluir. Finalmente, um apêndice iconográfico documenta a época em que Neruda escreveu o livro (como o disfarce de clandestino com bigodes e barba, em 1948), a visita a Machu Pichu em 1943, o abraço com o xará Picasso em 1949, e as fotos do lançamento de Canto Geral, no México, em 1950.

Parabéns pra você, Juan Gris!

23 de março de 1887: nasce um grande artista

Juan Gris era o nome artístico do pintor e escultor espanhol José Victoriano (Carmelo Carlos) González-Pérez (Madri, 23 de março de 1887 – Boulogne-sur-Seine, Paris, 11 de maio  de 1927. Ele viveu e trabalhou na França na maior parte de sua vida, convivendo com os grandes da época, conectado com o novo movimento artístico que então surgia, o Cubismo.  Ainda como José Gonzales, Gris estudou, em 1902 e durante dois anos, na Escola de Artes e Ofícios de Madri e, logo após, teve aulas de pintura com o artista acadêmico José Maria Carbonero.

Passou a viver em Paris em 1906, onde se tornou amigo de outros pintores, como Henri Matisse, Georges Braque, Fernand Léger e Amedeo Modigliani, que pintou seu retrato em 1915. Mas foi seu encontro com outro artista e patrício, Pablo Picasso, que deu a Gris nova rota para sua arte. Também estreitou amizades com outros intelectuais, entre os quais os poetas Guillaume Apollinaire, André Salmon e Max Jacob. Para viver, continuou a fazer o que já havia feito na Espanha: colaborar,  como ilustrador, com jornais e revista. Mas seu casamento com a arte o dirigiu a desenvolver um estilo pessoal na nova escola cubista, da qual Picasso seria o líder. Seu retrato de Picasso, pintado em 1912 e que apresentamos aqui, tornou-se exemplo do cubismo inicial, mais do que as primeiras obras de outros importantes artistas do movimento, como Braque e o próprio Picasso.

Juan Gris morreu em 1927, com apenas 40 anos e saúde debilitada. Deixou sua mulher, Josette, e um filho, Georges. Sua obra não se restringiu às artes plásticas: deixou também escritos trabalhos sobre teorias estéticas, por volta de 1924 e 1925, entre os quais se sobressai o que entregou à Sorbonne, com o título Des possibilités de la peinture.

Para quem quiser saber mais sobre a vida e obra do aniversariante, vai aqui o endereço do Web Museum, de Paris, e da página do Google com boas informações. (C. de A.)

Juan Gris – Retrato de Picasso – óleo sobre tela, 93×74 cm – Instituto de Arte de Chicago, Illinois, EUA