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Mais um depósito conquistado de Saramar

Do teu amor, que quisera meu

Beija-flor
Imprevista, os espelhos me mostram
outra mulher, deste teu amor iluminada.
E perdem meus pés, o chão,
passarinho pela casa em cantos desafinados
sem fala, sem medo, sem mais nada
senão o teu vôo riscando meu mundo
em rabiscos delicados de amor.

E sigo, brilhando sob o teu olhar
à quentura do teu beijo e o meu morno ventre
flor e o seu sol presos num instante
antes de todas as primaveras, atrasadas.

Enfim, em alva liberdade, sei e sabes
das palavras em lugar dos nomes
“minha amada”, meu amor
e da mímica dulcíssima de beijos
no silêncio azul das madrugadas.

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Ilustração: C. de A.