No início deste blog, publiquei três poemas de Francisco Cenamor, poeta espanhol que mantém um site chamado Asamblea de Palabras, no qual o Banco da Poesia já foi citado. Volto ao poeta, escritor e dramaturgo de Leganés (perto de Madrí) com mais dois poemas, com o tema soledad/solidão. Para ver os primeros poemas de Cenamor depositados no Banco, clique aqui.
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primera soledad
al fin aceptar la soledad
la mía
no me pareció tan doloroso
me pareció más bien
de una soledad sonora
yo
frente al oscuro escenario
cuando cae pesadamente el telón
yo
paseando por las calles luminosas de
barcelona cuando aún me resistía a estar solo
yo
mirando desde el tren las imposibles
curvas de una joven imposible
yo
decidiendo cortinas y alfombras
que decoren con gusto mi soledad
yo
comprando ropa juvenil a la par que
elegante para gustarme a mí mismo
yo
riéndome de mis propias tonterías
sobre la manida soledad del artista
yo
escribiéndome versos
primeira solidão
enfim, aceitar a solidão
a minha
não me pareceu tão doloroso
pareceu-me antes
uma solidão sonora
eu
frente ao escuro cenário
quando cai pesadamente a cortina
eu
passeando pelas ruas luminosas de
barcelona quando ainda resistia estar sozinho
eu
olhando do trem as impossíveis
curvas de uma jovem impossível
eu
decidindo cortinas e tapetes
que decorem com gosto minha solidão
eu
comprando roupa juvenil ao mesmo tempo
elegante para gostar de mim mesmo
eu
rindo-me de minhas próprias besteiras
sobre a batida solidão do artista
eu
escrevendo-me versos
segunda soledad
solo
soledad sorprendente
soledad sonora
soledad rayada de sol
sol bemol sostenido
banda sonora de tanta soledad
sórdida soledad a ratos
arma arrojadiza
contra los que me dejaron solo
soledad ausente y suave
soledad tan desolada
soledad estando solo
estando entre tanta gente
soledad conmigo
soledad contigo
soledad con trigo y avena
soledad con humo y cemento
soledad a ciegas
soledad a oscuras
soledad sin tacto
contacto con la soledad
acepto la soledad
vivo la soledad
ya soy soledad
segunda solidão
só
solidão surpreendente
solidão sonora
solidão raiada de sol
sol bemol sustenido
trilha sonora de tanta solidão
sórdida solidão às vezes
arma arremessada
contra os que me deixaram só
solidão ausente e suave
solidão tão desolada
solidão por estar só
só entre tanta gente
solidão comigo
solidão contigo
solidão com trigo e aveia
solidão com fumaça e cimento
solidão às cegas
solidão às escuras
solidão sem tato
contato com a solidão
aceito a solidão
vivo a solidão
já sou solidão
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Ilustração e versão ao Português: C. de A.