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Adeus a Rosirene Gemael

Há alguns dias, entrei no Facebook e vi um nome conhecido na lista de sugestões de amigos: Rosirene Gemael, jornalista, a quem eu não via desde 1988, quando trabalhamos juntos na campanha de seu tio Airton Cordeiro , então candidato a prefeito de Curitiba.  Mandei solicitações de amizade a ela e ao Kiko, seu irmão, sem saber que ela estava hospitalizada. Do Kiko recebi resposta, mas não dela. Hoje chegou uma mensagem de sua página, com pequeno  poema-despedida e  a triste surpresa de seu falecimento.

Gravo aqui uma homenagem a ela, profissional respeitadíssima por sua inteligência, competência e sensibilidade. Vai sua foto, com o poemeto que alguém postou em seu nome. Que pena, Rosirene, por não conseguirmos nos rever. Certamente perdi bons papos com você sobre a Curitiba que você amou e  sobre a qual tanto pesquisou e escreveu, sempre preocupada com a nossa cultura.

Transcrevo, abaixo,  a nota de adeus publicada no blog do Zé Beto, também publicada no blog do Solda, que fez sua homenagem gráfica à amiga.

Rosirene Gemael, adeus

26 out 2011 – 12:15

Ela voou para longe hoje cedo. Não sei por quê, mas sempre que encontrava com esta menina, me vinha a nítida impressão de que era um passarinho em forma de gente. Daqueles que não fazem alarde, que observam a paisagem com olha doce e quando piam, o som é mavioso e reconfortante. Não fui amigo dela, e sim de seu irmão, Kico, que é o oposto, locomotiva em constante movimento, criando estradas, abrindo atalhos. Sabia que Rosirene era tão criativa quanto, mas do seu jeitinho. Sabia que o texto desta jornalista que completaria 61 anos de vida era tão primoroso quanto a imagem que me passava. Nunca trocamos muitas palavras nestes anos todos que nos conhecemos, mas eu a admirava também por não ser como ela. “Ela estava sofrendo muito”, me disse o Kiko há pouco, de São Paulo, pouco antes de embarcar para Curitiba. Sim, eu sabia que ela estava doente há um bom tempo, mas quando a encontrei recentemente, ela que morava na rua de cima aqui no bairro Seminário, recebi um sorriso tão cativante, assim como aquele olhar de quem compreende o lado azul e o lado negro desta vida, mesmo porque tudo é incompreensível. Marco, o filho dela, estava ao seu lado neste último encontro. Parece um pássaro também. É o legado da minha amiga que voou hoje. Zé Beto

Homenagem a Nice Braga

Na página de Crônicas, gravei uma homenagem a Nice Braga, esposa de Ney Braga, que faleceu na última segunda-feira, 26 de abril. Uma exceção aos temas deste blog, mas necessária pela importância de uma grande dama que sempre soube, em sua sóbria elegância, ser amiga de todos. (C. de A.)

No primeiro post, uma homenagem

Há quase 43 anos, participei de uma aventura editorial, que resultou em dois números de uma revista de cultura que, segundo afirmam os contemporâneos, marcou aquela época da vida curitibana. Era a revista Forma, feita em parceria com Philomena Gebran. Pretendíamos fundar uma tribuna concreta de divulgação da cultura, “num esforço conjunto de todos os que sentem a falta de uma revista de cultura, em nosso ambiente tão necessitado, cada vez mais, de melhores meios de comunicação entre os que trabalham e se preocupam com o problema cultural”, conforme escrevemos no primeiro editorial.

Mas de antemão fazíamos a previsão da curta vida: “Sabemos, os descrentes já nos contaram, que somos movidos por um sonho quase irrealizável e que estamos sujeitos à inclusão entre os casos – comuns – de ‘mortalidade infantil’ das revistas de cultura, conforme a expressão sugerida por Sylvio Back, um dos membros do Conselho de Redação. Conselho, aliás, composto por colaboradores de peso, como Adherbal Fortes de Sá Junior (decano da imprensa do Paraná), Célia Reis Lazzarotto (esposa de Poty), Cesar Muniz Filho(poeta perdido para a Economia), Ernani Reichmann (escritor paranaense, considerado um dos maiores especialistas em Soeren Kierkegaard, José Renato (diretor teatral que, à época, ajudava a fundar o Teatro de Comédia do Paraná), Marcos de Vasconcellos (escritor e arquiteto carioca), Sérgio Rubens Sossela (um de nossos grandes poetas, que nos deixou recentemente) e o já citado Sylvio Back, conhecido por seus filmes e, mais recentemente, por seu trabalho poético.

Chegamos ao segundo número bastante animados com a repercussão da iniciativa, não só no Paraná, mas em várias cidades brasileiras. Mas não escapamos do registro amargo no mapa epidemiológico da cultura, que registrou a revista como mais uma vítima da tal mortalidade infantil. Como pretendíamos sobreviver sem inserções publicitárias, nos baseamos em promessas de apoio cultural de autoridades da época, que, afinal, foram somente promessas. Mas valeu a experiência.

Valeu tanto que, passados mais de 40 anos, ao reler os dois únicos números, podemos verificar que todos os nossos colaboradores, se ainda não eram consagrados, tiveram todos brilhantes caminhos em suas atividades culturais. E Forma ainda é lembrada com elogios, apesar de sua curtíssima existência.

Mas volto ao assunto principal deste primeiro post, que é uma homenagem a um dos primeiros poetas publicados por Forma. Ficamos sem nos ver também por quase quarenta anos. No reencontro, rapidamente religamos os laços separados por diferentes fados, sem que tivéssemos diminuídas as ligações de amizade e valores comuns daqueles tempos de juventude.

Remarcada a agenda social, até mesmo para apresentarmos as respectivas famílias, tivemos um encontro em minha casa, na noite de 21 de maio de 2008. Conheci Neiva e ele conheceu Teresa. Com o papo mais animado, criei um momento de suspense, dizendo lamentar por ele não ter lembrado que, exatamente naquele dia, um filho seu completava 42 anos. Mas eu, querendo reparar seu esquecimento pelo filho abandonado, resolvera trazer-lhe o herdeiro para revê-lo. Claro que a comediazinha causou certo frisson no ambiente, principalmente pelo fato de Neiva, até aquela altura, desconhecer a existência de um filho de seu marido com aquela idade.

Para desvendar rapidamente o mistério, entreguei-lhe o “filho” aparentemente esquecido, que veio à luz no dia 21 de maio de 1964 e foi publicado na revista Forma 1, em 1966. Era o Poema Brabo, do reencontrado Manoel de Andrade, poeta e amigo de longa data, ressuscitado em forma de um pôster emoldurado, com a reprodução da página da revista. Apenas acrescentei, como dedicatória: reeditado em maio de 2008.

E é esta a homenagem que o primeiro post do Banco da Poesia quer fazer ao Maneco, como ele é chamado carinhosamente, com a publicação, já em formato eletrônico, de seu Poema Brabo, tal como foi editado na Forma.

poemabrabo