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Artur Novelhe surreal

Recebemos da Galícia um poema de Artur Alonso Novelhe, com o seguinte rtecado:

“Caro amigo Cleto, envio poema, por se você gosta e pode ser pendurado no Banco da Poesia.Tardei um bocadinho em enviar este poema pois, esta já pronto à sair a rua em meado de setembro, o meu terceiro livro de poemas intitulado: Filhos da Brêtema… e esteve trabalhando em ele todo este tempo.
Um grande abraço e, como sempre, parabéns pelo seu grande contributo à poesia.  Artur Alonso
Obrigado ao amigo Artur Alonso. Envie mais notícias sobre seu novop livro.

Surrealismo

O silencio chama às noites
cabeças de sereias que adornem o seu palácio
e tu não tens filhos
e eles não precisam, no teu seio, aconchegar-se

porque quando o tempo é de silencio
as fontes de pedra resultam sensatas

e no prado os corpos jazem
eternos, desnecessários e úmidos
como início, que são, da nova geração

glacial de alma

Daí que o primeiro ministro
evada orçamentos
e guarde detrás do desvão
astutos e árduos momentos
para vender, sem pudor, quilômetros de pátria
e ambientes

mas tu não precisas de uma bandeira
nem a pobreza dos fortes
aguarda dos teus remédios,
simplesmente como sujeito
da história desapareceste

tua mãe o sabe,
porque intui
qual é o preço a pagar no troco.
Gostaria poupar ânimo,
mas nunca se lhe ocorrera
como entregar teu corpo…

porque as orquídeas choram
esquecidas que o ar tudo agita
e os nomes que avisam
nunca deixam de parecer prelúdio:
olhos perdidos na grande penumbra

Os sonhos nunca aguardam um porquê
porque sempre para o regresso
têm as portas da casa abertas

como o silencio que chama as noites
como a cabeça de cisne no conto do alienado

Artur Alonso Novelhe diz o que é Poesia

Novo depoimento recebido. Desta vez é de Artur Alonso Novelhe, da Galícia – Espanha, correntista do Banco da Poesia. Leia sua opinião aqui.

Renovação de depósito de Artur Alonso Novelhe, direto da Galícia

Intuito

IntuitoIlustração: C. de A., com uma ajudazinha de Francisco José de Goya y Lucientes

No prazer dos dias e das noites
procurei teu corpo

no perdido recanto da memória
achava tua sombra vigorosa

Ficava admirado a cada instante
que eles teu nome nunca adivinhassem

em cada fragrância,
em cada aroma estendido
como palma duma mão
que em milhares de rosas progredisse

estavas
sentada no mais amplo silencio,
contemplando os murmúrios do planeta

insinuando teus perfumes
a luz de todos os aconteceres,
clara e consciente

como quem conserva por dentro
aromas a feno, a cravo, loureiro,
num imenso campo, sempre a céu aberto

estavas
qual essas almas grandes que humildes se reconhecem
entre a paciência de quem aguarda
uma vida do inverno renascer
e a vertigem das palavras na boca do adulador,
falseadas por tanta soberba

Habitavam também
teus lábios frescos querendo apoderar-se
na lua clara de março
quando há quarto minguante,
do primeiro movimento, livre de rotação

ou do ocaso duma borboleta,
que três continentes atravessara,
antes mesmo de no vento ser parte
do candor mais suave, dos campos primaveris

aqueles que na tua pele escrevem segredos,
ou navegam florestas
nas que outros inventam mistérios
como veias que orvalham as fragas
para obter alguma lagrima aderida a sua folhagem

onde também limpa te encontras,
bem sei,
no local onde eu sempre aguardo
a chegada das noites
prazeres que em mim atrasas

com a esperança de que abra o espírito
aprenda ouvir, escute
e dentro de teus olhos meninos
possa ao final saborear,
por primeira e única vez, a essência do amanhecer…