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Feliz aniversário, com felizes silêncios de Eduardo Masullo

Eduardo Masullo, nosso correntista de Buenos Aires, está fazendo aninhos hoje.  Enviamos nosso abraço e comemoramos a data com seus canoros silêncios.

Las cosas de la vida

Eduardo Mazullo

Silencio, por Cleto de Assis

El silencio
A veces
Es un gato negro.
A veces,
Un tordo blanco.
A veces un sable con sueño.

Nunca es la misma cosa
Si una vez el silencio fue el invierno
Ya nunca el invierno será el silencio.
Hay tantas cosas en la vida
Que nunca el silencio quedará solo.
Ayer el silencio
Fue la pelota de fútbol perdida.
Hoy sabemos, que la pelota de fútbol
Ya nunca será el silencio.
Una cosa por la otra.
Dios es justo como mi tío Alberto,
Que me regaló todas las pelotas de la infancia.

Silencio fue mi papá.
Silencio mi mamá. Y los abuelos.
Ahora tengo muchísimo miedo
Porque uno de estos días
Silencio será mi corazón,
Y desde entonces
Seré silencio para siempre.

20/7/2010

As coisas da vida

O silêncio
Às vezes
É um gato negro.
Às vezes,
Um tordo branco.
Às vezes um sabre com sono.

Nunca é a mesma coisa
Se uma vez o silêncio foi o inverno
Já nunca o inverno será o silêncio.
Há tantas coisas na vida
Que nunca o silêncio ficará sozinho.
Ontem o silêncio
Foi a bola de futebol perdida.
Hoje sabemos que a bola de futebol
Já nunca será o silêncio.
Uma coisa pela outra.
Deus é justo como meu tio Alberto,
Que me deu todas as bolas da infância.

Silêncio foi meu pai.
Silêncio minha mãe. E os avós.
Agora tenho muitíssimo medo
Porque um destes dias
Silêncio será meu coração,
E desde então
Serei silêncio para sempre.

Tu mirada

Teu_Olhar_ilustração de Cleto de Assis

¿En qué cava oscura,
Húmeda y maravillosa,
Madura tu silencio?

Allí congrega
Otros silencios
Más antiguos,
Más nocturnos,
De los tiempos bárbaros
En que la lluvia
Era siempre
Un peligro.

Y el silencio
Sube por tu rostro
Como el vino
Dentro de ancha copa
Invertida de coñac
Hasta que tus ojos
Huelen a lo callado,
A lo húmedo, a lo maravilloso.

16/9/2010

Teu olhar

Em que cava escura,
Úmida e maravilhosa,
Matura teu silêncio?

Ali congrega
Outros silêncios
Mais antigos,
Mais noturnos,
Dos tempos bárbaros
Em que a chuva
Era sempre
Um perigo.

E o silêncio
Sobe por teu rosto
Como o vinho
Dentro de larga taça
Invertida de conhaque
Até que teus olhos
Cheirem a calado,
A úmido, a maravilhoso.

Sin título

Pés de outono, ilustração de Cleto de Assis

¿Qué es esa prisa
Que cruje veloz
Entre las hojas secas?

Cruje
El alma del otoño.

Hay un llanto
Que crece
Como hierba entre la piedra.

¿De quién es todo este silencio?

18/9/2010

Sem título

O que é essa pressa
Que estala veloz
Entre as folhas secas?

Estala
A alma do outono.

Há um pranto
Que cresce
Como erva entre a pedra.

De quem é todo este silêncio?

Conversa marcada com Eduardo Mazullo

Nuestra charla de hoy

Hablaremos hoy
De esa caricia que te sobrevuela
Y nunca te llega,
De ese silencio que no se toca,
De esa cosecha que no tuvo
Un amanecer de siembra
Y ahora no tiene sombra.

Hay millones de esas caricias,
Hay cada vez más
Y cada vez valen menos.

Los hombres solos
– y ni siquiera los hombres solos –
saben qué hacer con ellas.

Son una lluvia que no llovió,
Un silencio que no se oye,
Dos sillas idénticas que no se hablan.

¿Qué vamos a hacer con todas ellas?
¿Las fumigaremos con trinitarias?
¿Recuerdas las dulces trinitarias?
Nadie las recuerda.
Mejor dejar a las trinitarias olvidadas.
No olvides que los recuerdos
Son para olvidar, que las calles
son para que se las coma el pasto,
que los hombres son para que se los coman
los gusanos. O los hermanos.
que las miradas son para mirarse,
que las lágrimas…
que las lágrimas son para nada,
Que toda calle termina
por comerte a pedacitos
empezando por tus suelas.

Que de lo que es
Y de lo que será
Ya nadie podrá decir que fue.

Aunque te digan que los adioses
Se dan fuertes en este clima,
No olvides, no olvides esto:
Todos los adioses
Están perdidos para siempre
Entre un hueco negro
Y una estrella enana.

Nossa conversa de hoje

Falaremos hoje
Dessa carícia que te sobrevoa
E nunca te chega,
Desse silêncio que não se toca,
Dessa colheita que não teve
Um amanhecer de semeadura
E agora não tem sombra.

Há milhões dessas carícias,
Há cada vez mais
E cada vez valem menos.

Os homens solitários
– e nem sequer os homens solitários –
Sabem o que fazer com elas.

São uma chuva que não choveu,
Um silêncio que não se ouve,
Duas cadeiras idênticas que não se falam.

Que vamos fazer com todas elas?
As fumigaremos com buganvílias?
Recordas as doces buganvílias?
Ninguém as recorda.
Melhor deixar as buganvílias esquecidas.
Não te esqueças que as recordações
São para esquecer, que as ruas
São para que as coma o pasto,
Que os homens são para que os comam
os vermes. Ou os irmãos.
Que os olhares são para olhar-se,
Que as lágrimas…
Que as lágrimas são para nada,
Que toda rua termina
Por comer-te em pedacinhos
Começando por tuas solas.

Que do que és
E do que será
Já ninguém poderá dizer que foi.

Ainda que te digam que os adeuses
Se dão fortes neste clima,
Não esqueças, não esqueças isto:
Todos os adeuses
Estão perdidos para sempre
Entre um buraco negro
E uma estrela anã.

Versão/ilustração: C. de A.