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Haikais de Carlos Verçosa

Homenagem a um bom amigo

Ele se identifica no Facebook como relações públicas, publicitário, jornalista, roteirista, poeta. Inverto a apresentação e coloco o poeta em primeiro lugar, pois as outras profissões são circunstanciais.  Carlos Alberto Verçosa Silva, um pé vermelho de Londrina que foi para a Bahia há muitos anos e lá mudou o sotaque, mas não o talento e o caráter. Fomos vizinhos e bons amigos, embora a vida, que nos faz ciganear por aí, tenha me punido por longo tempo sem notícias do novo baiano. Até que a fama o alcançou, com a publicação de Oku: viajando com Bashô*, um verdadeiro tratado com mais de 500 páginas sobre o Haikai, a finíssima contribuição da poesia oriental que busca a concisão e a objetividade de momentos mágicos. Inspirado em Matsuô Bashô (1644-1694), Verçosa compôs uma obra antológica,  nacionalmente reconhecida.  E foi por aí que o reencontrei.

Faço a ele uma pequena homenagem, com a publicação de trêss de seus próprios haikais, já transformados em aves soltas nas nuvens internetianas. Sem a devida licença do autor, mas para imenso prazer meu, dei aos dois últimos vestimenta plástica.

Verçosa, o Banco da Poesia é seu. Aqui você tem crédito ilimitado. (Cleto de Assis)

I

 

 

 

 

II

 

III

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* O “Oku” do titulo refere-se a “Oku no Hosomichi”, diário de viagem escrito pelo poeta japonês Basho no século 17. O trabalho de Carlos Verçosa, um alentado volume de 568 paginas, pode ser dividido em tres partes: a primeira contem traduções de dois ensaios de Octavio Paz sobre haicai: “A Poesia de Matsuo Basho” e “A Tradição do Haikai”. A segunda consiste na tradução do diário de viagem “Oku no Hosomichi”, ou “Sendas de Oku”, como é mais conhecido no Brasil, a partir da tradução mexicana de Octavio Paz e Eikichi Hayashiya. Por ultimo, o ensaio “Presença do Haikai na Poesia Brasileira”, do próprio Verçosa. (Edson Kenji Iura, em “A Obra de Carlos Verçosa” )

Novo correntista: José Marins

Haibun junino

José Marins

A imagem de Santo Antônio destacada nos
enfeites do bolo. É fácil ver sorrisos entre a
gente no pátio da igreja.
A polaquinha está vindo a terceira vez.
Na primeira, foi sorteada com a imagenzinha
do santo no pedaço de bolo, arrumou namorado.
Na segunda, o santinho de porcelana foi parar
entre seus dentes, ficou noiva.
Agora, ela é toda sorriso: vai casar!
***
Dia de Santo Antônio
são doces as esperanças
da moça devota

santo_ant_nio_bolo.materiaGrafismo sobre foto de Manuela Salazar

Todos os anos a Igreja do Bom Jesus, aqui em Curitiba,
faz um enorme bolo amarelo, confeitado de açúcar, que
é vendido aos pedaços. No meio dele foram espalhadas
centenas de pequenas imagens de Santo Antônio, quem
tira o Santo no seu pedaço alcança a graça.
Tudo não passa de uma gostosa brincadeira!
Mas se o amor não for alegre, que graça tem……………?

(J.M.)

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José Marins, um haicaísta paranaense

de um artigo de Alvaro Posselt

josemarinsJosé Marins é paranaense de Jandaia do Sul, mas se criou em Umuarama, noroeste do estado. Veio para Curitiba quando tinha 18 anos e mora na cidade há 35 anos. “Curitibanizou-se”, criou raízes e asas, onde das asas só possui agora o coto, pois diz ser uma pessoa caseira, um provinciano que não gosta da metropolização de Curitiba e se sente esmagado pela explosão demográfica, porém, brinca o haicaísta, busca o universo em sua aldeia. É casado com uma curitibana e tem um filho. Formou-se em Psicologia Clínica pela UFPR, é psicoterapeuta de profissão, fez duas pós-graduações, em Educação e Antropologia e Mestrado pela UFPR (a biblioteca da UFPR e a Divisão de Documentação Paranaense da BPP têm exemplares de sua Dissertação de Mestrado). Desistiu da carreira acadêmica. Tem licença de jornalista e editor por trabalhos anteriores nestas áreas. Atualmente busca a Literatura como um caminho de desafios, desafios estes que o estimulam a prosseguir. É um autodidata dedicado, gosta de estudar e de praticar o que aprende. Seu primeiro contato com a poesia foi logo aos 10 anos de idade, em 1963. Ele não conseguira gostar de nada do que lera nos livros escolares, até que nessa época leu uma crônica de Paulo Mendes Campos na Revista Manchete e nunca mais foi o mesmo, descobriu a verdadeira função poética da linguagem escrita. A prosa poética de Campos tocou-o: “então é possível a beleza com a escrita”, lembra-se. Feliz foi a sua descoberta, acabou lendo todas as crônicas de Paulo Mendes que foram publicadas naquela revista. (extraído do blog Meu Artigo)

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E o que é um haibun?

A palavra haibun é formada por hai, de haicai, e bun, que significa escritas, composições ou sentenças (Reichhold, 2002). Bashô praticava o haibun, considerado um de seus mais importantes trabalhos, adicionando nova profundidade ao que era escrito de forma humorística por outros de seus discípulos. Os primeiros exemplos de haibun são encontrados nas crônicas da história do Japão – The Kojiki. De acordo com Reichhold , o haibun passou a ser praticado por autores americanos apenas nos últimos dez anos. No Brasil, essa prática é um pouco mais recente e tem despertado um crescente interesse entre uma pequena parcela da comunidade haicaista. Leia mais em Samauma.