Em defesa da metáfora

Minha amiga Cassiana Lacerda, que conhece literatura como ninguém, mandou-me um e-mail em defesa da metáfora, cuja importância tentei diminuir no poema do post anterior. E também envia a advocacia musical de Gilberto Gil e sua composição Metáfora, que vai aqui para todos os nossos leitores.

Obrigado, Cassiana, por sua rápida intervenção. E saiba que eu também gosto das metáforas e de todas as figuras de linguagem, apesar do pedantismo etimológico grego da maioria delas. Elas são essenciais para a poesia, aasim como as cores para o pintor. Apenas fui mais áspero para tentar abrir caminhos para uma reflexão sobre a vida. Com suas transubstanciações e trivialidades.

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Metáfora

Gilberto Gil, Bahia, 1982

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: “Lata”
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: “Meta”
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

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