Arquivo do dia: 1 de junho de 2010

A morte solitária de Wilson Bueno

Um escritor, um poeta, escreve para todos. Semeia palavras, conta histórias, distribui partículas de sua sensibilidade que alcançam a alma de seus leitores. Os escritores, os poetas, os artistas todos, deveriam ser homenageados com o retorno dessa distribuição de felicidade. Deveriam poder partir em paz, anjos que foram ou são em vida, antíteses da maldade e da violência.

Mas a semana começa com uma notícia triste. Wilson Bueno, um desses arcanjos da literatura, foi morto por um covarde ato de violência. E morreu só, vítima da maldade humana, talvez saída de um deconhecido que nunca leu seus versos ou uma linha sequer de seus contos.

Nós, os que ficamos para depois, temos que fazer nossa homenagem pensando em sua recompensa em encontrar gasosa e amorosa nuvem, a receber seu pleno ser, engrandecido em vida por meio de sua obra já imortal.

O Banco da Poesia está abrindo, hoje, uma página especial para Wilson Bueno, que ficará à dispoisção dos leitores e de seus amigos que quiserem ampliá-la com comentários e novos aportes de sua obra.

Que podemos dizer mais? Somente muito obrigado, Wilson Bueno, por tudo de bom que soube construir na sua bela vida literária.

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Homenagem do cartunista Solda a seu amigo

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Amor, sim:
Porque tudo é belo —
A romã, o lábio, a fala, a cisterna.
Amor de amar
A casta flor do chão
E as reentrâncias do muro,
A manhã, a lua, a tarde.
Amor, sim:
Porque a cor do antúrio
Conta uma história serena
E amar o calmo confirma
O ânimo, os deuses que riem
À sombra das árvores
Do jardim de Parmênides.
Amor, sim:
Porque, amorosa, até a nuvem,
Ainda que gasosa acolherá
Meus todos, meus plenos, teus inteiros.

Do livro “35” (poemas de amor)

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Ilustrações: C. de A.

Homenagem de Solda: http://cartunistasolda.blogspot.com/