Maurício Ferreira em parceria com Van Gogh

I

Ainda que alvorada,
Cinzenta.

Os pássaros iniciam sua cantoria no escuro
Não se viu o primeiro raio de sol.
Tudo é vento e incolor
Tudo ameaça a transparência do dia.

Hoje, as luzes serão internas.
Esperança de calor e sorrisos,
Numa tristeza de inverno

Vincent van Gogh - Campo de trigo com corvos - Auvers, julho de 1890 - óleo sobre tela 50,5 x 100,5 cm - Museu Van Gogh, Amsterdã

II

Meu quarto:
XXXXXXXFragmentos de destruição,
XXXXXXXTudo que fui e explodiu.

Meu quarto,
XXXXXXXEste naco de mim a que me agarro
XXXXXXXTão meu, destroçado e mar,
XXXXXXXBrilhando em chiaro-escuro
Verde-azul sob um sol exótico
Enquanto não vem o Tsunami.

Vincent van Gogh - Quarto em Arles (1ª versão) - outubro de 1888 - óleo sobre tela 72 × 90 cm - Museu Van Gogh, Amsterdã

III

Ontem vomitei angústias,
XXXXXXXAmarguei o crepúsculo,
XXXXXXXDestilei lágrimas.
XXXXXXXA manhã me encontrou seco.

Folha de outono levada pelos ventos

Vincent van Gogh - No limiar da eternidade – 1890 - óleo sobre tela 80cm X 64cm, Museu Kröller-Müller - Holanda

________________

Nota

O quadro Quarto em Arles foi assim descrito por Van Gogh: “Desta vez é muito simplesmente o meu quarto, aqui tem de ser só a cor a fazer tudo; dando através da simplificação um maior estilo às coisas, deverá sugerir a idéia de calma ou muito naturalmente de sono. Em resumo, a presença do quadro deve acalmar a cabeça, ou melhor, a fantasia”.

4 Respostas para “Maurício Ferreira em parceria com Van Gogh

  1. Na minha opinião, Van Gogh viveu sempre ”no limite da eternidade”. Sempre em conflito com a vida e consigo próprio,
    a sua existência , em tudo que dela se conhece, foi a de um homem em luta constante com o ”eu” e o” não eu” quer dizer, o real e o irreal.” Fruto duma loucura genial,” podem assegurar alguns entendidos, mas, para mim, foi o sofrimento
    avassalador dum espírito que nunca conseguiu encontrar-se, senão com as suas telas, únicas entidades com quem se identificava, a quem tinha a
    coragem de confessar os seus tormentos íntimos.
    Louco ou génio? Ou apenas um homem perdido no seu sofrimento, perdido na solidão e perdido na sua incapacidade de dialogar com os próximos? Por isso ele fez da tela,o seu confessionário e das cores que para ela transpunha, as mensagens ditadas pela sua alma irrequieta, cheia de luminosidade por um lado e sombria por outro,uma alma
    vagabunda, que não encontrava um porto em parte nenhuma. Infelizmente a sombra matou a luz.
    O poema é magnífico. Quem sabe, soubesse ele manejar tão bem as palavras, como manejava os pincéis, não seria um poema como este que ele nos teria deixado.
    Parabéns.
    Vera Lucia

  2. amei seu comentario muito bem explicito ! Parabens

  3. a istoria de vangogh é muito enteresante a locura dele virou uma prafição …
    eu cecilia jessica tenho uma professora que se chama betania ele min encinou a se enteresa na obras dele

  4. van gogh comeu a propria orelha e deu de presente a gauguin, que tinha um bigode parecido com o do belchior e era tarado pelas menininhas do taiti…bela história.

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