Já transmiti meu abraço eletrônico a Vera Lúcia Kalahari, nossa correntista de Angola/Portugal, que de quando em quando enriquece nosso patrimônio poético. Hoje ela completa mais um ciclo em redor do Sol e da beleza de sua arte e de seu idealismo social. Disse-me que não haveria festa, em razão de uma viagem de trabalho a outro país. Mas que pensaria em seus amigos brasileiros, assim como estamos pensando nela e a enviar-lhe rosas, com desejos de muita luz, paz e amor em sua vida. Em sua homenagem, a nossa melhor forma de abraçá-la, com a publicação de mais um poema seu.
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O pássaro branco
Um pássaro de asas brancas, desdobradas,
anda a dançar na praia…
Há o rumor de ondas desgrenhadas,
há espuma fervente e fria
e silêncio de ventos que não existem.
O barco da minha vida
caravela d’esperança
naufragou naquela praia,
sem mar, só com o cantar doce, amargurado,
do meu pranto.
Esse pássaro que nasceu comigo
não mora numa gaiola,
não nasceu nos verdes bosques,
não é um pássaro de penas.
É um pássaro que canta
nas longas noites sem luz,
um canto de risos e prantos,
um pássaro que agarrei
com mãos trémulas de criança
e d’esperança.
Larguei para que voasse
e cantasse
em todas as almas,
fizesse nelas brotar flores,
estrelas e amores.
O meu pássaro branco…
Bbranco como nuvens esvoaçantes,
como um pássaro tecido de fios de luar…
Fugiu das minhas mãos trémulas de criança
que se fechavam
e procuravam encurralá-lo
em qualquer ninho de amor.
É agora um pássaro triste e desolado…
Um pássaro vagabundo
açoitado por um vento furioso
que o assusta e o arrasta p’ra solidão.
Um pássaro de asas murchas,
roxas como lírios macerados,
como um céu esfarrapado
sem estrelas, sem luar.
Não houve ninhos que o abrigassem
nem mãos trémulas d’esperança que o agarrassem.
De nada serviram meus prantos e minhas dores…
O meu pássaro branco, alvo como nuvens esvoaçantes,
dança na praia que não existe,
a praia da solidão,
ferido de dor e de morte,
curvando as asas brancas
que não são brancas,
largando às ondas e aos ventos, as suas penas.
Vera Lúcia Kalahari
Para a Vera Lúcia Kalahari,
“O barco da minha vida
caravela d’esperança”
meu sonho bom de criança
minha rota preferida.
Galopou por tantos mares
como um cavalo andaluz
“nas longas noites sem luz”
e no sol dos meus cantares.
Tábua de sobrevivente
nas águas da solidão,
no sangue da minha nação
foi promessa e foi semente.
E na praia desta cantiga,
com a brisa do teu encanto,
vai aportando o meu canto
pra te abraçar, cara amiga.
Manoel de Andrade
Vera Lucia, invadi este espaço para deixar meu abraço carinhoso no dia do seu aniversário. Parabéns,felicidades!
Beijoss, Lia…
Parabéns, Vera!
Queridos Amigos,
Uma mensagem breve porque o tempo é pouco. Não imaginam como foi fantástico para mim, dar uma saltada até aqui e encontrar os vossos recados… Sempre soube por experiência própria que uma palavra amiga, por simples que seja, tem em nós um impacto que ninguém calcula, consoante o momento e o ambiente que nos cerca, quando a recebemos.
Foi o que aconteceu: Queridos Cleto, Manoel, Lia e Rafael Nolli, estes úiltimos que não conheço mas a quem muito agradeço, dizia eu, meus irmãos, estas simples mensagens,
hoje, caídas no caos, valeram mais que braçadas de flores, de
todas as prendas mais valiosas que pudessem existir.
Foi como todo o céu explodisse num arco-iris porque fizeram-me recordar que há outro mundo real onde os meus amigos me esperam.
Mil obrigados e até breve.
Beijos muitos da vossa
Vera Lucia
Vera Lucia preciso falar-lhe urgentemente MariaNJardim , uma moçamedense com quem já contactou. Beijinhos marianjardim@gmail.com