O imortal Aramis Millarch

Ninguém é insubstituível: com esta frase, queremos justificar a nossa efemeridade, o nosso papel de passageiros provisórios na nave Vida. De fato, não só somos substituídos em nossas atividades, como a própria vida providencia que pessoas melhores venham completar o trabalho por muitos iniciado e nem sempre concluído. Fazemos falta? “Ó sombra fútil chamada gente! Ninguém faz falta, não fazes falta a ninguém. Sem ti correrá tudo sem ti.” É o que lembra Fernando Pessoa a todos nós, condenados ao esquecimento, “no vácuo dinâmico do mundo…

Mas há pessoas verdadeiramente insubstituíveis. Pessoas cuja atuação social foi única, inconfundível, incomparável. São aquelas pessoas que lembramos quando, diante de determinadas situações, dizemos: Ah, se fulano estivesse aqui!…

Aramis: justíssima homenagem

É o que sempre ouvimos de Aramis Millarch, aquele irrequieto jornalista que vivia escarafunchando os fatos ligados à cultura do Paraná e do Brasil, em suas colunas de jornal e nos vários projetos de documentação construídos com suas próprias forças e engenho.

Aramis era amigo dos consagrados e dos iniciantes. Saudava os medalhões das artes e incentivava os que começavam a trilhar os caminhos da literatura, das artes plásticas, da música, do teatro.

E hoje — como bem lembrou Renê Doty, em seu pronunciamento no último dia 10 de novembro, na inauguração do Museu Guido Viaro — Aramis faz falta. Ninguém substituiu a sua garra, o seu interesse, a sua assiduidade na cobertura dos fatos culturais.

Orgulho-me de ter privado de sua amizade e ter recebido seu incentivo e apoio, quando, na Coordenaria de Assuntos Culturais da Universidade de Londrina, organizamos uma ponte pela qual transitaram muitos artistas que vinham a Curitiba e esticavam suas temporadas no Norte do estado. Fomos pares em muitos outros projetos, nos quais Aramis sempre participava sem qualquer interesse pessoal, mas sempre movido pelos resultados culturais de cada empreendimento.

Por isso, não posso deixar de registrar o evento de hoje, o lançamento do projeto Aramis Millarch – 30 anos de jornalismo cultural, produzido por Samuel Ferrari Lago, Rodrigo Barros Homem d’El Rei e Luiz Antonio Ferreira e patrocinado pela Petrobrás. O projeto — um libro e DVDs — coloca à nossa disposição mais 50 mil artigos e entrevistas com personalidades e artistas, feitos por Aramis e, por certo, coroa o esforço desenvolvido por Marilene e Francisco Millarch, esposa e filho, no trabalho de preservação e digitalização do enorme acervo deixado pelo insubstituível jornalista e pesquisador. Voltarei ao tema, oportunamente, porque há muito que rememorar a respeito do saudoso Aramis Millarch. (C. de A.)

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