Arquivo do dia: 24 de novembro de 2009

Vicente Gerbasi viaja a Petra

Petra

Petra, cinceladas fueron tus montañas de piedra multicolor,
y de tus montañas surgieron columnas,
escalinatas, viviendas, bancos, templos, panaderías.
En ti los siglos reverberan en el sol ardiente.
En ti la noche suena con aullidos de chacales.
En ti los aerolitos caen como serpentinas en un cementerio.
Tu Palacio de Justicia es una tumba.
Cada una de tus casas
perforaradas en los colores es una tumba.
Petra, eres un cráneo de piedra abierto al azul caliente.
Petra, eres semejante a la tumba de la muerte.
Tus aposentos, tus cocinas, tus columnas, tus estatuas
siguen muriendose en tu imantada intemperie.
(Viajero, si vas a Petra,
cuidate de la muerte.)

En Petra está muerto el tiempo.

Petra, cinzeladas foram tuas montanhas de pedra multicor,
e de tuas montanhas surgiram colunas,
escadarias, vivendas, bancos, templos, padarias.
Em ti os séculos reverberam no sol ardente.
Em ti a noite soa com uivos de chacais.
Em ti os aerólitos caem como serpentinas em um cemitério.
Teu Palácio da Justiça é uma tumba.
Cada uma de tuas casas
perfuraradas nas cores é uma tumba.
Petra, és um crânio de pedra aberto ao azul escaldante.
Petra, és semelhante à tumba da morte.
Teus aposentos, tuas cozinhas, tuas colunas, tuas estátuas
continuam a morrer em tua imantada intempérie.
(Viajante, se vais a Petra,
cuida-te da morte.)

Em Petra está morto o tempo.

Do livro De Otras Geografías, em Los Colores Ocultos. Caracas: Monte Avila Editores, 1985

Ler mais Gerbasi aqui.

Tradução e ilustração: C. de A.

Artur Alonso faz um depósito, bucolicamente

Bucólico


seria muito pedir ser em ti o último

com tantas pedras a cair
tantos sapatos nos caminhos
que se deitam

e a morte que não recupera razões
pelos séculos dos séculos

seria muito pedir uma tarde
só para mim
na que estivesses atenta

ao boiar do rio no berço
de teu ventre,
ao nadar da folha
na lágrima da tua pupila cheia
com esmeraldas frescas

e ser feliz como algo simples
tal o suor na humanidade
da sombra dum salgueiro
triste

amor
contra caminhos ainda por descobrir,
feitos pela lama, o pó, o pé que pisa
ruídas cerimônias invisíveis

seria muito pedir
ganhar, contigo, um dia ao impossível…

Ilustração: C. de A.