Arquivo do dia: 30 de julho de 2009

O conhecimento mundial em um clique


Biblioteca Digital Mundial

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lançou no último mês de abril a Biblioteca Digital Mundial, que permite consultar gratuitamente pela internet o acervo de grandes bibliotecas e instituições culturais de inúmeros países, entre eles o Brasil.

Dezenas de milhares de livros, imagens, manuscritos, mapas, filmes e gravações de bibliotecas em todo o mundo foram digitalizados e traduzidos em diversas línguas para a abertura do site da Biblioteca Digital da Unesco (www.wdl.org). A nova biblioteca virtual terá sistemas de navegação e busca de documentos em sete línguas, entre elas o português, e oferece obras em várias outras línguas.

O mapa 'Uma descrição moderna e bastante precisa da América', feito por Diego Gutierrez em 1562, está no acervo da BDM (O Globo)

O mapa 'Uma descrição moderna e bastante precisa da América', feito por Diego Gutierrez em 1562, está no acervo da BDM (O Globo)

Entre os documentos, há tesouros culturais como a obra da literatura japonesa O Conde de Genji, do século 11, considerado um dos romances mais antigos do mundo, e também o primeiro mapa que menciona a América, de 1507, realizado pelo monge alemão Martin Waldseemueller e que se encontra na Biblioteca do Congresso estadunidense.

Entre outras preciosidades do novo site estão as primeiras fotografias da América Latina, que integram o acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, o maior manuscrito medieval do mundo, conhecido como a Bíblia do Diabo, do século 12, que pertence à Biblioteca Real de Estocolmo, na Suécia, e manuscritos científicos árabes da Biblioteca de Alexandria, no Egito.

Até o momento, o documento mais antigo da Biblioteca Digital da Unesco é uma pintura de oito mil anos com imagens de antílopes ensanguentados, que se encontra na África do Sul.

Manteremos o link da BDM em nossa página de Bibliotecas Digitais de Poesia.

Clique no logo abaixo e veja uma apresentação da BDM no Youtube

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Biblioteca Digital da Europa

LogoEuropeanaA biblioteca multimidia online da Europa, Europeana, está acessível desde o dia  20 de novembro de 2008. Por meio da Internet, podemos acessar a mais de dois milhões de obras dos 27 Estados-membros da União Europeia. A biblioteca virtual conta com livros, mapas, gravações, fotografias, documentos de arquivo, pinturas e filmes do acervo das bibliotecas nacionais e instituições culturais dos Estados-membros, como, por exemplo, a Carta plana de parte da Costa do Brasil, um mapa de 1784 arquivado em Portugal.

Acessível em todas as línguas da UE, a biblioteca multimidia europeia conta com material fornecido por mais de 1000 organizações culturais de toda a Europa, incluindo Museus, como o Louvre de Paris, que forneceram digitalizações de quadros e objetos das suas coleções.

Segundo a Comissão Europeia, que lançou esta iniciativa em 2005, este é “apenas o começo”, pois a ideia é expandir a biblioteca, envolvendo também o setor privado, e o objetivo é que, em 2010, a Europeana dê acesso a pelo menos dez milhões de obras” representativas da riqueza da diversidade cultural da Europa. Ela terá zonas interativas, principalmente para comunidades com interesses especiais”.

“Com a Europeana, conciliamos a vantagem competitiva da Europa em matéria de tecnologias da comunicação e de redes com a riqueza do nosso patrimônio cultural. Os europeus poderão agora acessar com rapidez e facilidade, num único espaço, os formidáveis recursos das nossas grandes coleções”, comentou o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

Segundo dados da Comissão, já no início de seu funcionamento, no ano passado, foram registrados cerca de dez milhões de visitas por hora, o que fez cair o sistema e obrigou seus adminstradores a duplicar imediatamente a capacidade do portal.

Incluímos a Europeana em nossa página de Bibliotecas Digitais de Poesia.

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Vem lá de Angola

Conheci Vera Lúcia Kalahari por meio dos amigos J.B. Vidal e Manoel de Andrade. Disseram-me que ela, além de poeta, era uma agitada jornalista que se aventurava pelas terras da África e do Oriente Médio. Entrei em contato com ela pela Internet, mas sua resposta demorou a chegar, pois durante logo tempo ela esteve em lugares longínquos, onde nem sempre a modernidade da rede eletrônica está presente.

Dias atrás, recebi rápida comunicação, com a promessa de que maiores notícias logo viriam . E chegaram, em simpática mensagem na qual ela relembra amigos comuns brasileiros e aceita colaborar com o Banco da Poesia. Para sua estréia aqui, publicamos dois poemas seus.

Vera Lúcia Kalahari ou Vera Lúcia Pimentel Teixeira Carmona, jornalista, poeta e escritora portuguesa, nasceu no Namibe, em Angola. Trabalhou nos jornais “O País”, “O Dia” e “Diário de Notícias”, e nas revistas “África Hoje”, “Família Cristã”, “Gazeta das Aldeias” e “País Agrícola”. Foi também copywriter no Departamento Comercial da Rádio Renascença (Intervoz). Após alguns anos de dedicação à poesia e à literatura juvenil “refugiou-se” na aldeia de Sortelha, do conselho de Sabugal, onde, em ambiente pleno de serenidade e misticismo se inspirou para escrever o romance A Casa do Vento que Soa que concluiu recentemente. Terminou também a série juvenil Os Primos (O Diamante Real, O Incendiário Tenebroso, O Quadro Misterioso e O Enigma da Aldeia das Broas). Quem quiser conhecer melhor seus trabalhos, acesse http://infinito-kalahari.blogspot.com/

Bem vinda seja, Vera Lúcia!

Livre

xxxxxxVera Lúcia Kalahari

Ser livre…
Deixar para trás os meus desejos
e todos estes loucos preconceitos
e partir,
partir e ter o ensejo
de ser aquilo que não sou
e que sempre ansiei ser.
Poder caminhar sem um destino
como errante, pobre peregrino
tendo apenas como amigas as estrelas,
contando os meus sonhos só a elas.
Misturar-me com os negros nas sanzalas
comendo sem rodeios do seu pão,
ver dançar as chamas das fogueiras
e dormir na dureza duma esteira.
Poder saber por onde vou
e marcar a cada hora o meu dia
sem sentir a cada passo o grilhão
de se seguir apenas a razão.
Poder provar de cada fruto
que encontrasse nascendo nos pomares
e poder misturar-me com os miúdos
descalços, livres, vagabundos,
que vagueiam às portas dos casais
sem vãos temores e sem barreiras.
Por este vida simples mas verdadeira,
eu daria a minha vida só de incertezas
e todos os meus sonhos de grandeza.

Ilustração de Cleto de Assis

Ilustração de Cleto de Assis

Viagem

xxxxxxVera Lúcia Kalahari

Criei o meu mundo irreal e distante…
É lá que vivo, calma e sozinha,
isolada de tudo, no tempo que parou,
como se andasse pelos vales silentes da lua,
nas crateras d’algum astro ignorado,
nas vertigens dum meteoro
uu vagueasse nas paisagens submersas de Ís…
Não chegam lá o ruído, o movimento
dos mares e dos ventos, das cidades e dos campos.
Tudo é silencioso, calmo e sobrenatural,
na sombra do mistério que m’envolve e qu’esconde
como numa ilha de bruma, o meu mundo à parte…
Será terra? Ou céu? Ou mar? Ou astro? Ou nebulosa?
Não sei, não vejo, não sinto
o cenário impalpável e informe que me cerca.
Vivo em mim, tudo sou eu, em mim mesma…
só as minhas mãos estendidas, a minha boca muda,
meus cabelos esparsos que m’envolvem como algas,
como nuvens, e ocultam meus seios,
frementes d’amor, palpitantes e ardentes…
a ânsia duns braços num abraço sem fim…
Meu coração pulsando junto a outro, tão confundidos
como nosso hálito, nossa epiderme, nossas almas…
Tudo sou eu, nesse mundo que criei, perdido,
rolando pelo espaço, entre poeiras de astros,
turbilhões de estrelas, ondas de azul, harmonias…
O meu mundo fulgurante e longínquo
a milênios de luz da terra desprezível,
de onde sairei de mim, sozinha e forte
e pararei a vida, num instante imortal.