Do teu amor, que quisera meu
Imprevista, os espelhos me mostram
outra mulher, deste teu amor iluminada.
E perdem meus pés, o chão,
passarinho pela casa em cantos desafinados
sem fala, sem medo, sem mais nada
senão o teu vôo riscando meu mundo
em rabiscos delicados de amor.
E sigo, brilhando sob o teu olhar
à quentura do teu beijo e o meu morno ventre
flor e o seu sol presos num instante
antes de todas as primaveras, atrasadas.
Enfim, em alva liberdade, sei e sabes
das palavras em lugar dos nomes
“minha amada”, meu amor
e da mímica dulcíssima de beijos
no silêncio azul das madrugadas.
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Ilustração: C. de A.
Parabéns Saramar por esse amor que desfolhas em pura poesia. Que delicadeza, que lirismo, que respeito pelas palavras e esse mágico domínio das imagens na ‘mímica dos beijos e no azul das madrugadas’.
Te abraço bebendo o encanto dos teus versos…, Manoel
Manoel, você acertou em cheio. O reconhecimento da sensibilidade de Saramar já é universal. Uma de nossas grandes poetas. Orgulho-me de tê-la conhecido e me tornado seu amigo (mesmo que virtual). E devo isso ao Lula, por incrível que pareça. Veja só o que disse dela o compositor acreano Sérgio Souto.
só Saramar, para sarar rios, florestas,vales,montanhas e savanas.
com uma doçura só vista em novela, ou de vez em quando no cinema.
flor madura. misto de alcaçuz e açucena.
sei que Saramar é plena.
restia de luz de sol querendo se por.
Saramar é poesia, sem precisar de métrica ou de rima.
Saramar, é fonte a exalar essências de humanidade.
é nota musical a navegar pelos bordões
e primas… por sustenidas emoções!!!
Saramar é campo, é cidade.
é coral, é “coralina”. é mãe, é pai é menina.
lamparina, nas solitárias e escuras noites amazônicas.
É Cleto, a Saramar ja me deixou encabulado e se a poesia do Sergio Souto navega nas mesmas aguas desses versos, vamos ter que matar um leão por dia, para empatar com eles…, na poesia.