Deborah O’ Lins de Barros é uma catarinense de Itajaí, nascida no Rio de Janeiro, que mantém o blog Moça deitada na grama.
Ela diz em seu blog, à guisa de resumo biográfico: “Sou a encarnação de Álvares de Azevedo. Sou a personagem da crônica do Drummond (Moça deitada na grama). Sou a amante de Edgar Allan Poe. Sou a irmã mais nova de Pagu. I am Lucy in the grass with diamonds, words and melodies.
Abaixo, dois poemas de Deborah, juntos porque fazem parte de uma mesma série: Autobiografia. Ela explica: “Poesia pode falar de qualquer coisa. Essas, no caso, falam de mim. São meus sentimentos sem metáforas, são crônicas em verso. Confissões, declarações. Como diria Fred Krueger, bem-vindo ao meu mundo!”.
Bastidores de mim
Sinto saudade
Do silêncio de luz
Atrás do palco;
Do breu de palavras
Nas cochias;
Dos contra-regras,
Cenários antigos,
pedaços de figurinos usados,
Espalhados.
Sinto saudade
De odiar o cheiro
Do gelo seco;
E de amar a recepção
Nos camarins.
Olhares parabenizando,
Olhares agradecendo…
Mas eu não nasci para o teatro
E o teatro não nasceu para mim.
…………………..
Não, eu não sou uma atriz… embora ame essa atmosfera, sou egoísta demais para escolher um personagem apenas: a vantagem de escrever é que posso tê-los todos para mim!!
Reminiscência
Às vezes tenho certeza
quase absolutamente,
de que sou meio louca,
verdadeiramente.
Pois não tenho necessidade
de ácido licérgico
e nem de lítio.
Mas quando vêm reminiscências
de determinados fatos
há muito ocorridos,
me vem uma vontade insana
de ausência.
Ausência de pensamentos,
mas não de sentimentos.
Há uma necessidade
de estar só.
Inclusive a minha própria presença
me incomoda,
quando essas reminiscências
me recordam que
I miss the comfort in being sad.
Acho que relembrar
as mazelas do ontem
é como folhear
um álbum de fotos onde
a trilha sonora escolhida
é a responsável por virar as páginas.
E agora resta a dúvida:
será que remexer lembranças
é como lembrar da dívida
que tenho comigo mesma?
Isso, na verdade,
não importa.
Pois se o Corvo diz Nunca Mais,
não há portas
que abram para eu voltar.
E, pensando bem, parece hilário
pois forjar tristeza
se tornou, nada mais
que recurso literário.
A saudade existe para provar
que o passado não mata
e as reminiscências são só um mote
para entender que o que não mata
nos torna mais fortes.
Banqueiros do bem!!!
Cleto, obrigada pela gentileza de me incluir no Banco da Poesia, junto com tantos outros textos interessantes 🙂
e, claro, obrigada pela ilustração do meu amigo Corvo, para o poema Reminiscência 🙂
abração!!!
Deborah
Débora, querida conterrânea, seja benvinda a essa belíssima confraria poética que o coração e a requintada intelingência do Cleto abriu aos nossos versos. Já partilhávamos nossa cidadania de palavreiros no fraterno “território” do Vidal e agora ampliamos ainda mais esse Parnaso.
Um fraterno abraço…, Manoel
Manoel, você é um querido 🙂 obrigada pelas palavras
abraço!