Navegar é preciso
Cleto de AssisNa rua, a poça formada pela chuva
virava o oceano dos barquinhos de papel.
Se outro menino chegava
poderiam ocorrer batalhas navais ou regatas
até a água encharcar os cascos ou alguns irem a pique
sob o ribombar de pequenas pedras fingindo balas de canhão.
A chegada de uma bola ou uma historinha nova
levava os barcos ao reino do esquecimento,
mesmo que alguns ainda navegassem,
cheios de sonhos e tripulados por ilusões.
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Quantos terão chegado a seus destinos?
e hoje já não se navega mais… será que alguma criança ainda sabe o que é origami?
a tripulação dos barquinhos que comandei está toda a bordo, ainda 🙂 e a literatura os leva para mares nunca antes navegados 🙂
Cleto, você conhece os “contos mínimos” de uma escritora carioca chamada Heloísa Seixas? tirando o regionalismo (sim, há regionalismo no Rio!), acredito que você irá se identificar bastante com essa atmosfera de memórias…
abraço!
Deborah
Pois então… hoje o que navega nos rios, é plástico, lixo, corpos mortos… Pobres rios. Devem ter saudades dos barquinhos de papel. Os rios foram substituídos pelos mares virtuais. A Internet. É aqui que soltamos nossos barcos de papel carregados de sonhos, ilusões, desejos, pedidos de ajuda, cartas de amor… e o lixo, também, claro.
É muito bom ler os raros textos teus aqui no Banco, sabe Cleto. Você dedica espaço pra todo mundo e muito pouco pras tuas palavras.
Bom domingo.