As Palavras
São como um cristal,
as palavras
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas,
Secretas vêm, cheias de memória.
inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
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Eugenio de Andrade, poeta português (Fundão, 19 de Janeiro de 1923 — Porto, 13 de Junho de 2005) Leia mais, no Banco da Poesia, aqui