Poema de João Batista do Lago

A concha e sua imensidão

Ilustração: C. de A.

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Da imensidão da concha
Recrio-me da pequenez
Invado minha floresta
À cata do rio mais limpo
Para garimpar a perola negra
A mais sublime pedra
Gerada pela concha
Que só revela seus segredos
À sua imensa floresta

No interior da floresta
Guardada pelas águas dum rio livre
A concha jamais aborta suas pérolas
Ela recria-se com tanta imensidão
Deixa de ser pequena habitação
Para se tornar palácio de todas as pérolas
E ser o ventre de toda natureza
No movimento mais sublime da criação
Do molusco perfeito que se arrasta pelo chão

Assim é a imensidão da minha concha
Quando se lha tem guardada pela floresta e pelo rio
Não há nada mais sublime; e nem divino
Nada maior existe que sua própria dimensão
Pérola e molusco vagam a mesma floresta
E navegam no mesmo rio de águas livres
Rompendo rochedos; furando pedras
Abrindo caminhos com a força do furacão
Rasgando a imensidão da terra para nova habitação

João Batista do Lago

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